terça-feira, 7 de junho de 2016

Artistas criam objetos incríveis com reciclagem de lixo



O Museu da Imagem de Breda, na Holanda, fica em um prédio com mais de oitos séculos de idade que recebeu na década de 1990 anexos sofisticados com arquitetura industrial e grandes cortinas de vidro. Mas, até setembro, um dos principais temas debatidos entre as suas paredes será o lixo. É que o edifício recebe a exposição My Waste is your Waste (Meus restos são seus restos) com objetos úteis e obras de arte criadas por brasileiros e holandeses com base em embalagens, móveis quebrados, eletrodomésticos antigos e até pedaços de carros.
As peças incríveis ajudam a refletir sobre o valor do lixo. “Todos nós produzimos resíduos, independentemente de onde estivermos no planeta”, disseram as curadoras Joanna van der Zanden, da Holanda, e Mara Gama, do Brasil, em comunicado à imprensa. “Restos de embalagens, tecidos, lixo eletrônico, objetos quebrados, sucatas de veículos e entulho da construção são as sobras da nossa riqueza, consideradas inúteis e jogadas fora ou deixadas para trás. Mas os resíduos podem também ser relevantes e usados para criar novos produtos”, explicam.
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Participam da exposição os brasileiros Thiago Bender e Rodrigo Bueno, artistas, e Christian Ullmann, designer; e os holandeses Klaas Kuiken, designer, Jan Eric Visser, artista visual, além do coletivo de arquitetos e designers Refunc. A primeira parte da exposição aconteceu em novembro de 2012, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Nos dois países, os artistas trabalharam juntos em um ateliê aberto ao público.
Conheça na galeria abaixo 16 coisas incríveis que os artistas e designers da exposição My waste is your waste obtiveram com reciclagem do lixo.













Revista Exame 2013

domingo, 5 de junho de 2016

Gosto se discute?

Gosto se discute?


Segundo Immanuel Kant, a questão do gosto é uma discussão, um processo de "lapidação das opiniões", de modo que é possível discutir o que é belo e bom. Mas para fazer esse debate é necessário verificar se estamos utilizando as categorias corretas


por Matheus Arcaro*

 

 

Para Immanuel Kant, sim. Tanto é que ele dedicou uma obra inteira para as questões do gosto, a Crítica da Faculdade de Julgar, publicada em 1790. Para o filósofo supracitado é possível discutir o gosto, porque uma discussão é diferente de uma disputa. Filosoficamente, uma disputa é uma batalha de argumentos que exigem demonstrações, a fim de que uma ideia prevaleça. Uma discussão é um processo de lapidação das opiniões, cuja finalidade é chegar a um acordo entre as partes. Assim, não se disputa sobre o belo, porém pode-se discuti-lo. Kant ainda afirma que a experiência estética é compartilhável e que a beleza é uma ideia universal da razão. Seu conteúdo e sua forma podem variar segundo circunstâncias históricas e segundo a subjetividade dos artistas, mas o sentimento de belo, fundamento do juízo de gosto, é universal.
Partindo das proposições kantianas, ou seja, se o sentimento de beleza é universal e passível de partilha, por que, atualmente, vivemos uma carência de esteticidade? Hoje em dia, conforme ilustra Marilena Chauí, se perguntássemos a uma pessoa comum o que é um artista, provavelmente ela elencaria nomes de atores de televisão ou cantores populares. Escritores, pintores e escultores com quase toda certeza não seriam citados. Para este indivíduo, diferentemente da concepção romântica, o artista não é o gênio criador, inspirado divinamente; é alguém que realiza performances. Por que esta percepção?
Na contemporaneidade, a sociedade do espetáculo está intrinsecamente ligada à Indústria Cultural. Com a necessidade de fazer girar o capital, a indústria da cultura, de maneiras diversas, distorce o conceito de beleza porque sua finalidade é atingir um número grande de pessoas. “Onde as massas têm o poder de decidir, a autenticidade se torna supérflua, nociva e prejudicial”, sentenciou Nietzsche. Sobre este ponto, a literatura é ilustrativa: por que livros, digamos, “palatáveis” (autoajuda, por exemplo) vendem muito mais do que livros complexos e bem escritos? Uma das respostas possíveis: a literatura genuína faz o leitor tropeçar. E não é todo mundo que está preparado para cair. Os “best sellers” são “best sellers” porque dizem o que o leitor espera. O menos preparado chama isso de “identificação” com a obra. “Puxa vida, este autor diz exatamente o que eu penso”. Não consegue perceber que o prazer da leitura está justamente em “fechar o círculo”. Este tipo de leitor jamais compreenderia Jean Paul Sartre, quando este afirmou que escrever é distanciar-se da linguagem instrumento e entrar na atitude poética, tratando as palavras como entes reais e não como símbolos estabelecidos. Seguindo o raciocínio sartriano, é lícito distinguir a linguagem: a cotidiana como “instituída” e a do escritor como “instituinte” (criadora, inventora de significações).

 fonte: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/38/artigo273804-1.asp

 
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